Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina por Lucas Paraizo e Osiris Reis
Os debates políticos deixaram Curitiba — sede da Operação Lava-Jato — e a capital federal Brasília. Não cabem mais dentro da televisão, nem nas telas dos celulares. Estão por todos os lados. Pautam as rodas de conversa entre estudantes, professores e tomam conta das redes sociais e até mesmo de cultos religiosos. O calor da situação faz refletir sobre a atuação do cidadão em todo o processo.
Em qualquer roda de conversa pelas ruas de Blumenau o assunto é um só: a política brasileira. Nas tradicionais cafeterias das ruas do Centro não é difícil ouvir grupos falando sobre a mais nova reviravolta em Brasília ou a série de protestos pelas cidades. Em uma mesa destes cafés na Rua Curt Hering, o aposentado Manuel Borba Neto conversa com os colegas sobre a falta de moral dos políticos brasileiros e diz com firmeza: "se as pessoas forem para a rua, a presidente Dilma Rousseff cai". Com bom humor, as pessoas debatem, brincam com o colega que passa de camisa vermelha e perguntam se mais alguém já foi preso.
Nas últimas três missas que rezou na Catedral São Paulo Apóstolo, o padre João Bachmann esticou uma bandeira do Brasil sobre o altar e começou o ritual ao som do hino brasileiro. Na última quinta-feira, durante a semanal novena de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, um casal entrou com a bandeira, que foi colocada sobre um púlpito de pedra. Após entoar o hino nacional acompanhado do som de violões, o padre pediu que, ajoelhados, os fiéis orassem pelo Brasil.
Para o religioso, é uma forma de lutar pelo país: "As pessoas acabam se emocionando com o hino nacional, pois o povo tem um carinho muito grande pela nossa nação. Queremos que a crise seja passageira e as pessoas que administram nosso país tenham conhecimento da moral, ética e justiça".
De acordo com Bachmann, quando a situação parece bagunçada e sem rumo, é natural que as pessoas busquem pela fé. O religioso pretende continuar com o ato nas próximas celebrações: "Precisamos rezar por aqueles que são nossos representantes para que sejam iluminados com sabedoria para governar".
O mundo virtual também é real
#Publicidade
Nas últimas semanas as redes sociais também viraram palco virtual do embate entre ideias. Mas para o professor de Publicidade e Propaganda da Furb e especialista em Mídias Sociais Moisés Cardoso, grande parte das pessoas não usa as redes sociais de maneira correta. A dica é que elas comportem-se online da mesma maneira que agem em casa.
"As pessoas têm o sentimento de que na web podem falar o que quiserem. Não entendem que a consequência gera um fator bola de neve. Ou seja, o meu comportamento pode incentivar uma outra pessoa a uma determinada ação. É um efeito em cadeia" — avalia o especialista.
Cardoso também ressalta o lado positivo da alta conectividade proporcionada pelas redes sociais: o engajamento. "A alta conectividade faz com que seja possível um grande engajamento em prol de uma causa. Estamos tendo a aderência dos mais jovens por um acúmulo de pautas que foram se somando ao longo do tempo" — avaliou o professor.
#Política entre universitários
Na quarta-feira o Movimento Brasil Livre organizou um protesto em frente à Furb, na Rua Antônio da Veiga. Diversos universitários marcaram presença para mostrar insatisfação perante o cenário político vivido pelo país.
Para o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Furb, Rafael Heusser, percebe-se que os acadêmicos estão ficando cansados da situação, o que fortalece as manifestações. "Apoiamos que os alunos se manifestem e falem sua opinião, esse é o principal assunto na cidade" — avalia.
Para o estudante do 4º semestre de Administração da Furb Giullio Rothermel, 22 anos, é visível o amadurecimento da nação: "Um ano atrás qualquer comentário político era raridade em sala de aula. Antes as pessoas não acompanhavam e hoje em qualquer local que se vá elas têm conhecimento do que se passa" — avalia o estudante.
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