Ao utilizar as redes sociais não é difícil encontrar perfis de políticos que cada vez mais estão atuantes digitalmente seja postando fotos, vídeos ou até conversando com a população pela internet. Mas com tantas mudanças nos últimos anos o relacionamento ainda é e será um dos principais desafios de candidatos para as eleições desse ano.
Segundo o especialista em Social Media, Moisés Cardoso, que também é professor universitário, é preciso levar em consideração que a sociedade mudou como um todo e as novas tecnologias estão muitos mais acessíveis. “Antes a gente tinha um pequeno grupo de pessoas conectadas e agora temos quase toda a população. Isso porque somente a partir de 2000 o celular começou a enviar dados e hoje temos um custo acessível e uma banda larga sendo oferecida numa quantidade maior. Isso cria um cenário para a nossa conectividade e o ponto chave disso é quando nossa mãe ou nossa diarista conversa com a gente pelo Whatsapp, ou seja é uma linguagem fácil e acessível para todos, independentemente da idade ou do grau de conhecimento”, esclareceu.
Ele destaca que a mudança na legislação também pode influenciar no processo político. “O principal ponto é que a web 2.0 também fez com que a comunicação mudasse. Antes eu escutava o programa eleitoral e só podia conversar no bar ou com o meu círculo de amizade e agora tenho plataformas e ambientes digitais onde posso criticar aquele candidato em tempo real. Então o ambiente para fazer aferimento de um discurso ou uma ideia mudou e isso faz com que as estratégias também tenham que ser mudadas”, ressaltou.
Cardoso acredita que a interação com a política sempre existiu, principalmente para cobrar promessas de governo, mas agora a cobrança acontece em formato digital e é acessível a todas as pessoas. “Boa parte dos programas eleitorais os políticos não colocavam nas redes sociais porque justamente sabiam que isso servia como munição para seus adversários, mas estamos num ponto que isso é irrefreável. A transparência vinda também dos portais fazem com que os dados estejam acessíveis a quase todo mundo e isso faz com que a população também consiga ter um olhar mais aguçado sobre a política como um todo”
O especialista afirma que a linguagem digital aproximou muito os candidatos da população. “Esse processo de não termos mais um interlocutor é um fenômeno que chamamos de mundo pequeno. Hoje tenho contato com quase todas as pessoas de forma quase que direta e isso faz com que essa campanha particularmente apresente um cenário novíssimo, principalmente por conta da tecnologia mobile e dos aplicativos que estão presentes nele como o Whatsapp por exemplo. Se antes um boato chegava por uma corrente de e-mail ou por um xerox feito na calada da noite e distribuído na porta de uma fábrica, hoje em dia ele vai chegar no celular daquele operário de um forma viralizada pelo Whatsapp”.
Criando relacionamentos
Mas mesmo que os candidatos percebam a importância da internet em suas campanhas, o especialista é enfático ao afirmar que não basta apenas começar a fazer postagens em redes sociais, é preciso criar um relacionamento e isso não acontece da noite para o dia. "Faltando pouquíssimo tempo para uma eleição como agora, fazer um perfil no Facebook e começar a trabalhar o seu público é um grande tiro no pé porque isso já deveria ter começado a ser feito desde a campanha passada, criando empatia e vendo qual o tom desse ser criado no ambiente digital”, opina.
Outro desafio é alcançar o maior número de pessoas com postagens não pagas, proibidas nessa campanha. “Sabemos que dependendo da rede social, o grau de alcance é muito pequeno. Tomando como exemplo o Facebook, se temos uma fanpage com um milhão de amigos, um conteúdo postado ali atinge pouco mais de 3% desse total, então para atingir um público maior somente pagando. Agora se o conteúdo for para denegrir a imagem sabemos que vai bem mais longe. Algo que tem um teor cômico também costuma ter uma viralização muito maior, mas para o relacionamento em si o tempo é a chave para um candidato e poucos se antenam disso”, completou.
Ele falou também da saturação da população em relação a política após o impeachment e desdobramentos da Operação Lava-Jato. “Estamos vendo um desgaste muito grande e penso que se o voto não se caracterizasse como obrigatório, garanto que uma parcela muito pequena da população votaria por insatisfação com o cenário político. Hoje é preferível brigar por futebol do que brigar por política e nesse momento ela é forçada a falar sobre isso”, disse.
Cardoso diz ainda que somente a força da conexão é suficiente para fazer um candidato vencedor. “O meio digital pode fazer uma primeira prospecção, mas o olho no olho do candidato e o aperto de mão é que vão concretizar mesmo a promessa de voto”.
Políticos estão se adaptado
Aos poucos os políticos vão se adaptando aos novos cenários, entre eles está o prefeito de Taió, Hugo Lembeck, que apesar de não ser pré-candidato resolveu investir na postagem de vídeos para melhorar a comunicação com a população. Ele ressalta que já utilizava a internet para divulgar ações de seu governo, mas como a postagem no site oficial está proibida durante o período eleitoral resolveu usar as redes sociais e principalmente os vídeos. “Como o site vai ficar inerte optamos por utilizar o meu perfil particular. Quando tem um assunto interessante a gente começa fazendo algum vídeo e temos tido um bom retorno. O pessoal acaba até se acostumando e é uma forma de divulgar”.
Na internet ele aforma que também é preciso lidar com comentários muitas vezes desrespeitosos e conta que procura avaliar as críticas construtivas. “Geralmente as mesmas pessoas acabam criticando motivadas muitas vezes por adversários políticos, mas também podemos aproveitar essas críticas para construir algo positivo e são até importantes, mas claro que tem coisas que a gente lê e acaba até esquecendo”.
Lembeck explica que caso julgue necessário procura conversar com a pessoa em particular para debater algumas ideias e evitar discussões pelas redes sociais. Para ele a internet é uma boa oportunidade de criar um canal de comunicação, principalmente para os políticos. “As mídias sociais são a ferramenta do momento e não é só a juventude que está acessando. A maioria das pessoas que acessa tem de 24 até 54 anos, é um perfil com um grande número de pessoas. Hoje isso é uma coisa que tomou uma proporção muito grande e acho bem positivo”, finalizou.
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