
De acordo com o professor, especialista em Novas Mídias e pesquisador Moisés Cardoso, o processo de conectividade e o surgimento das tecnologias ocorreram no contexto das guerras: o primeiro computador surgiu com a finalidade de burlar a trajetória de projéteis bélicos e a internet veio para interligar as bases militares. “No Brasil, a internet chega na década de 1990, mas só começa a se tornar acessível com a banda larga”, contou. “A partir disso, acontecem mudanças na economia, no governo, na política e nas interações sociais”.
O pesquisador explica que as redes sociais sempre existiram: a família, a escola e até a mesa de bar são exemplos disso. Segundo ele, a principal mudança que a internet trouxe foi a digitalização das relações sociais no mundo virtual. “As plataformas fazem as pessoas se comunicarem de determinadas formas. Como a maior parte dos usuários não teve a oportunidade de ser alfabetizada digitalmente, é comum observarmos comportamentos que não são aceitáveis”, disse.
Para Cardoso, as redes sociais nos aproximaram. “Quando vemos um casal em um jantar romântico, onde cada um está com o seu celular na mão, talvez podemos dizer que eles estão tendo uma conversa mais evoluída, pois conseguem trocar palavras, imagens e anexos”, avaliou. Ele explica que não se trata de ser algo bom ou ruim, uma vez que cada geração tem uma mudança de comportamento que é vista com estranhamento pela geração anterior.
O especialista adverte para o fenômeno do “agorismo”, isto é, o consumo acelerado da informação. “Pesquisas apontam que nós olhamos a tela do celular entre 150 e 230 vezes por dia e não conseguimos ficar longe desse dispositivo a um raio de 5 metros, tamanha é a nossa dependência”, afirmou. “Isso só foi possível porque agora temos bons aparelhos com um preço acessível, mais campos de wi-fi e melhores planos de dados”.
Na opinião de Moisés, é natural que as notícias circulem primeiro no ambiente digital e, por isso, a figura do jornalista se torna cada vez mais necessária para fazer a curadoria de conteúdo. “O que temos que lembrar é que os algoritmos determinam o que vai aparecer para cada um e isso pode criar falsas impressões do mundo real”, falou. “São as diferentes vozes que tornam nossa experiência nas redes mais enriquecedora”.
Superexposição e relacionamentos virtuais

Lígia conta que para conseguir o equilíbrio o internauta deve ter maturidade e autoconhecimento. “Se está na dúvida, não poste. Nessas horas, menos é mais. Qualquer coisa, saia das redes por um tempo, faz um ‘detox’ para desintoxicar”, aconselhou. “O aprendizado é importante para entender os riscos e potencialidades da rede. Os pais têm que estar conectados para orientar os filhos sobre a questão da segurança”, disse.
A psicóloga defendeu em abril a tese de doutorado “Tinderelas: busca amorosa por meio de smartphones”, que vai ser lançada como livro em dezembro. Na pesquisa, ela trata do uso do Tinder por mulheres adultas não casadas, que permitiu identificar três tipos de comportamento: curioso, recreativo e racional.
Lígia explica que o tipo curioso ocorre quando a mulher está com receio do aplicativo. Ela observa mais do que se expõe, porque ainda está resistente. O uso recrea“A mulher faz quase uma entrevista de emprego com a outra pessoa, para saber onde mora, conhecer a família, os hábitos. Isso faz cair por terra a teoria do apego, que diz que o amor é irracional”, concluiu.
tivo acontece quando a intenção é apenas conhecer gente nova, não necessariamente para conseguir sexo. Já o uso racional é caracterizado pelo desejo de compromisso amoroso e escolhas baseadas em critérios.
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