Por Moisés "Béio" Cardoso
Texto publicado no Portal Contábil SC e Engenharias.Net
Vivemos em um mundo em que as relações se digitalizaram, e consequentemente os serviços, produtos e negócios acompanharam essa evolução. Toda a tecnologia passa a ter usabilidade e relevância quando é adotada por um grande numero de usuários. Algumas inclusive tiveram parte da sua identidade moldada a partir da tecnologia, em que a “esfera do eu” [personalidade + identidade] foi ampliada, que pode ser resumida na equação: O que eu sou + Perto do que eu quero ser. Com ela cada indivíduo consegue definir melhor seus interesses e estabelecer novos vínculos sociais.
O conceito é simples, mas nem sempre é percebido por quem faz a concepção de um planejamento comunicacional. Ainda visualizamos, em diferentes campanhas publicitárias, uma forma de se pensar dividida em analógica e digital, sendo que estamos inseridos em um ambiente hibrido, em que a separação de ambos não é mais possível. Quase tudo que começa no meio off-line, tem um desdobramento no online.
Diferentes grupos de pessoas absorvem de formas distintas as mudanças trazidas pelas ferramentas digitais. Essas modificações têm relação com idade, sexo e classe social, porém os critérios demográficos tradicionais devem considerar outros aspectos, tais como: como as pessoas utilizam os recursos digitais em sua vida; e quais as intenções que elas têm ao consumir os diversos recursos tecnológicos.
As noções do mundo foram reconfiguradas a partir da simbiose homem máquina. Dessa forma, é possível dar vida a novas “personas” dentro das redes sociais. Não traçamos limites entre o que se é, e o que se aparenta ser. Os indivíduos conseguem se recriar virtualmente. Essas diferentes nuances são partes de uma mesma identidade. Se todos podem editar as ações e imagens de si, que consideram o seu melhor ângulo, por fim, acabam de se convencer de que são exatamente aquilo que mostram ser. Isso possibilita a capacidade do ser humano se explorar muito mais, de se conhecer e ampliar quem ele é realmente de fato.
Neste sentido, se faz necessário calibrar o olhar para esse comportamento da sociedade, que foi se desenhando com o passar de pouquíssimo tempo, sem fazer juízo de valor. A conectividade não está certa ou errado, ela apenas existe e precisa ser aceita. E assim, identificar a melhor forma de uma empresa se comunicar com seu publico alvo. Guy Debord é o autor da obra “A Sociedade do Espetáculo”, que completa 50 anos, ele previu 1968, como seria o século XXI. Debord foi assertivo em suas análises para a compreensão de um mundo conectado e efêmero em que estamos inseridos.
Segundo dados do IBGE (2016), o celular se consolidou como a principal tecnologia usada para acessar a Internet, 91,2% da população no Brasil compartilha dessa mudança comportamental. Sendo assim, para muitos usuários o acesso à rede não existe de outra forma, se não da pequena tela de um smartphone. Conectividade e mobilidade são as palavras chave para estabelecer o relacionamento com um cliente. Não faz mais sentido pensar primeiro em estratégias para o desktop, se o usuário esta no mobile. Um bom website ainda se faz necessário, mas agora ele precisa ser responsivo, ou seja, se adaptando para diferentes tamanhos de tela que será acessado, ou ter aplicativo.
O papel da tecnologia é tornar essas relações melhores e mais horizontais, pois nelas também estão: à família, os amigos e os colegas de trabalho. A comunicação com as instituições, faculdade, governo, imprensa e as empresas; todas elas sofrem impactos devido à multiplicidade de conexões e informações.
Embora as marcas estejam tão próximas aos consumidores, nem sempre elas conseguem optar pela melhor abordagem. Imagine a possibilidade de ter um canal para contatar seu público algo diariamente, o que você falaria para ele? Iria falar sobre negócios? Tentar vender algo? Pare e pense, faria isso todo dia? É a mesma lógica de uma pessoa que só fala sobre um único assunto, com o passar do tempo as pessoas a sua volta fogem dela. Essa mesma logica vale para as corporações. Mais do que vender um produto ou serviço, as plataformas digitais servem para estabelecer relacionamentos. Consequentemente os relacionamentos tendem a se transforma em negócios. Porque ligamos uma coisa à outra. Frequentamos um local que nos recebe bem, confortável, seguro, sem pressão para tomar uma decisão.
A humanização comunicacional de um negócio exige uma mão de obra qualificada, um profissional com a habilidade de decodificar a informação que a empresa quer transmitir, e codifica-la em uma linguagem que o consumidor vai compreender. Essa dinâmica deve ocorre diariamente, todos os dias da semana e aí reside o desafio de ampliar o conteúdo do diálogo, e buscar uma identificação com as diferentes temáticas que orbitam as timelines dos usuários. “É a realidade desta […] riqueza ilusória da sobrevivência aumentada, que é a base real da aceitação da ilusão em geral no consumo das mercadorias modernas” (DEBORD, 2003, pag. 36).
Referencias usadas:
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução em português: Terra Vista. Paráfrase em português do Brasil: Railton Sousa Guedes. Coletivo Periferia. 2003.
IBGE. Divulgada as estimativas populacionais dos municípios em 2014. Disponível em <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&idnoticia=2704&busca=1&t=ibge-divulga-estimativas-populacionais-municipios-2014> Acesso em 01 abr. 2017.
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