28/09/2018

Professor Moisés Cardoso explica a enxurrada de mensagens no WhatsApp durante as eleições

Por Moisés Cardoso - uma versão resumida dessa postagem foi realizada pelo Prof. Dr. Clóvis Reis para o Jornal de Santa Catarina.

Especialista em redes sociais virtuais, o Prof. Moisés Cardoso que é Doutorando em Comunicação e Linguagem (UTP), faz um cálculo assombroso sobre as estratégias de comunicação que esta sendo adotadas nesta campanha eleitoral.

Com 20 profissionais de comunicação; administrando 30 chips de telefone na sistemática de "fazenda de likes"; cada um dos chips pré-pagos em aparelhos baratos; infiltrado em 20 grupos de WhatsApp; cada com deles com uma circulação de 256 integrantes. Essa configuração consegue atingir 3 milhões de eleitores. Se o texto, vídeo, áudio ou meme sensibilizar 10% dos destinatários, são 300 mil cabos eleitorais voluntários trabalhando para um candidato ou partido.

A estimativa explica a enxurrada de propaganda nos smartphones. Todo os aparelhos são comprados comprado por laranjas ou comprados de segunda mão, aparelhos usados em lojas de eletrônica. Essas equipes trabalham distribuídas em diferentes localidades e usam mascaradores de IP (VPNs), mascarando sua geolocalização.

Nessa dinâmica, as mensagens são compartilhada em diferentes grupos, de forma orgânica, organizadas e disparadas manualmente, precisa ser dessa forma para não deixar rastros digitais de apps de gerenciamento de conteúdo. Esse tipo de trabalha leva a uma jornada diária de até 4h, com uma remuneração média de 3 mil reais. Os trabalhadores são controlados remotamente por vídeo chamada, que compre a função de uma câmera de vigilância até terminar os disparos.

O trabalho de infiltração em grupos é realizado a longo prazo, com uma média de um ano de antecedência. Um trabalho profissional, realizado por perfis fakes em outras redes sociais, que são atualizados para se camuflarem de pessoas reais, participam de grupos de Facebook, que servem de porta de entrada para os grupos fechados de WhatsApp.

Muitos desses grupos são criados em eventos específicos, tais como: em desastres ambientais, como as enchentes; o estado de greve dos caminhoneiros; torcidas de futebol, jogadores de todos os games imagináveis; de discussão de séries, livros, filmes, teorias da conspiração e até grupos de oração de igrejas.

Em julho de 2018 o WhatsApp desenvolveu um recurso que limita o envio de mensagens para a lista de transmissão, em uma tentativa de dificultar a viralização de fake news, apenas 20 usuários de cada vez podem ser selecionados, evitando assim o disparo em massa. Por outro lado essa atitude quebrou negócios e empreendedores pequenos, que usam a ferramenta para movimentar a comunicação dos seus comércios. Forçando as empresas a usar a versão profissional do aplicativo, o WhatsApp Business.

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